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domingo, 26 de dezembro de 2010

Roberto Card

Há alguns dias, numa conversa com amigos  por ocasião de uma matéria do jornal Extra sobre o tradicional especial de fim de ano do Roberto Carlos, disse que os fâs do referido cantor deviam se sentir um tanto quanto decepcionados. Expliquei : são as mesmas músicas, os mesmos jogos emocionais,  declarações monossilábicas do "rei", etc...
Estava em um território cômodo. Confesso. Meu amigo homônimo do RC, sequer o aceita como bom intérprete. Destaca para quem quiser ouvir que seu complemento de nome é Audir. Roberto Audir, por favor. O outro, Emerson, é servo de um Rei muito mais  poderoso. Seu critério  de coroação é mais coerente. É guerreiro do exército de Cristo. O que, lógico, não inviabiliza o gosto por bons cantores, porém RC não está entre eles. Território cômodo, repito.
Já assisti o especial várias vezes. Tenho muitas lembranças boas dos encontros ali propostos. Embora, estivesse certo que o Erasmo merecia muito mais que uma participação em Amigo (é, aquela mesma do "amigo de fé irmão camarada")  ou que RC poderia ser menos cruzeiro, menos produto, menos global.  Mesmo evitando comparações não há como ignorar um Erasmo mais musical, com mais coisas a dizer e  ainda o sinônimo de lucro que se tornou o rei. (lançará, pela bandeira credicard, um cartão de créditro com seu nome, conforme  noticiou Ancelmo Gois  em O globo).
Prefiro sua fase rebelde e ingênua à sua versão Frank Sinatra tupiniquim,  sem experimentalismos, fórmula pronta e segura, sem arriscar.
Porém, devo admitir que não há artista mais representativo que este capixaba, filho de Cachoeiro do Itapemirim - quisera eu elevar a tão alto esplendor o nome de minha saudosa cidade de Uruçuca . Suas músicas expressam na medida certa todas as emoções . Sua vida de perdas irreparáveis e repetidas reviravoltas assemelha-se, sem estardalhaços ou sensacionalismo, às desse povo. Poucos  intérpretes gozam de tamanho carisma, em todas as classes,  sem que tenham antes de assimilar a carapuça cool (em todos os sentidos que essa palavra agrega) para este ou aquele grupo social.
Roberto Carlos e seu modo de vida reservado consegue dignificar as celebridades, em tempos de total banalização deste termo em que se enquadra qualquer um que apareça na chamada mídia.
Emoções, por exemplo, não é mais que a justificativa daqueles que admitem erros, passam por dificuldades, sofrem por amores,  sentem saudades e ainda assim conseguem enxergar o ganho de tal empreitada que é a vida (o importante é que emoções eu vivi). Isto é RC!
Desse modo, acredito agora que seus fãs não se sentem decepcionados. São orgulhosos,isto sim, de terem como ídolo (que palavra forte!) um cantor de destacada envergadura no cenário histórico da verdadeira música popular brasileira.
Vida longa.

 em homenagem a Roberval

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